terça-feira, 7 de setembro de 2010

Coca, Papão e Maria-da-Manta

Olá mana gema,

Muito boa observação a tua sobre o infinito e a borboleta. O Caos Infinito! Adorei. Muito bem caçado! E é verdade, aqueles saltos que demos no Lusitano devem ter provocado muitos estragos... ou não. Será que a intensidade propaga-se sempre a crescer? Eu diria que não pois se assim fosse já o planeta tinha ido pelos ares. Ou até o Universo! Se repararmos bem, a teoria de que o bater de asas de uma borboleta provoca um furacão é um bocado difícil de acreditar mas já o contrário é uma certeza: um furacão faz com que uma borboleta bata as asas. (As asas, as antenas, a pobre toda ela treme.) No fundo isto resume-se ao que nós já há muito sabemos. Uma pequena acção pode ser determinante para o desenrolar de outras. As acções levam a outras acções, um acontecimento provoca outros acontecimentos. Muitos acontecimentos provocam inúmeros acontecimentos. Tudo está interligado e tudo contribui para o equilíbrio. Seguindo esta linha de pensamento, poderia levar-nos a pensar que nada acontece por acaso. Tudo acontece motivado por outro acontecimento anterior que fez com que esse se originasse. Uma gigantesca bola de neve desde os primórdios de tudo. E a forma, o momento, as condições em que esse tudo nasceu influenciou o seu percurso e a nós também. Não deixa de ser interessante pensar que no momento do nascimento de tudo fomos sortudos por termos sido escolhidos para existir. E isto vai ao encontro da tal teoria de que está tudo escrito, nós é que não temos acesso ao guião, da qual falámos no outro dia. Bem, já estou a divagar à brava...

(O Bruno diz: "Beijinhos Tita", está por aqui comigo pois hoje é feriado da cidade e não há ATL, e eu estou de serviço)

Quanto à verdadeira intenção do meteorologista, pois não sei. Ora aí está um mistério digno da Cuca. Da Cuca? Essa não era a bruxa do Sítio do Pica-Pau Amarelo? Não era isso que eu queria dizer... era um Mistério da Coca... a Coca, aquela que se faz aos bebés! Hummm... acho que tá na hora de ir investigar.

Coca

Uma coca iluminada

Segundo o Dicionário online da Priberam, uma coca (ô) é:

1. Pop. Capuz (deve ser esta, espero eu, à qual se referem quando dizem aos bebés: "Ai a coca..." e tapam a cabeça com a fralda)
2. Bioco (??? Quê? O que é isto? Ah! No dicionário diz: Mantilha ou envoltório com que as beatas tapam o rosto.)
3. Papão (espero que não seja este a que eles se referem quando dizem aos bebés: "Ai a coca..." e tapam a cabeça com a fralda)
4. Infant. Carantonha feita duma abóbora oca, com buracos iluminados interiormente, para meter medo. (a tal da imagem. Também espero que não seja este a que eles se referem quando dizem aos bebés: "Ai a coca..." e tapam a cabeça com a fralda)
5. Variedade de amêndoa.
6. Reg. Feridinha, axe.
7. Teia de aranha.

Pois é, vendo bem, e lembrando-me da música da Coca, acho que é a Coca assustadora que eles falam aos bebés... reza assim na Wikipedia:

"Na literatura oral a coca é tema das cantigas de embalar, tal como o bicho-papão" (este era o mais famoso) "que rouba criancinhas ou a Maria-da-Manta" (nunca tinha ouvido falar de tal bicho!) "que tem fogo nos olhos," (e ainda bem que não conhecia! As coisas que inventam para assustar as crianças!) "é um ser que assusta as crianças, está sempre à espreita (está sempre à coca), e impede que o sono chegue. O sono é muitas vezes personificado por um outro ser mítico, o João Pestana." (este é mais conhecido que o Papa)
“Vai-te coca vai-te coca
Para cima do telhado
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado.”

Pois eu conhecia esta música mas era com o Papão e não com a Coca.

E continua com uns factos engraçados:


"No Auto da Barca do Purgatório (1518), de Gil Vicente, um menino identifica o diabo como o "coco":
“Mãe e o coco está ali
queres vós estar quedo co'ele?
Demo: Passa passa tu per i.
Menino: E vós quereis dar em mi
Ó demo que o trouxe ele."
Nas Décadas da Ásia (1563), João de Barros descreve como o nome do coco (fruto), teve origem nesta tradição:
“[...]por razão da qual figura, sem ser figura, os nossos lhe chamaram coco,
nome imposto pelas mulheres a qualquer cousa, com que querem fazer medo às crianças,
o qual nome assi lhe ficou[...]”
Rafael Bluteau, no primeiro dicionário da língua portuguesa o Vocabulario Portuguez e Latino (1712) define o coco e a coca como caveiras:
“O Coco ou a Coca. Usamos destas palavras, para pôr medo aos meninos, porque a segunda casca do Coco tem na sua superfície três buracos com feição de caveira.“   "



Não fazia ideia de tal associação de coca, a diabo, a coco, que por sua vez teve esse nome por causa que metia medo... nem sequer sabia que o coco, por dentro, tem esses tais buracos que parecem uma caveira. Será que foi o côco a primeira bola de bowling?

Mas olha, na Wikipedia diz que a existe uma Festa da Coca:

"No norte de Portugal, a coca é representada por um dragão com escamas. Na vila de Monção, conhecida como a terra da "coca", ela é chamada de "santa coca" ou "coca rabixa". Na festa do dia do Corpus Christi a coca é o dragão que luta com São Jorge na representação da lenda de São Jorge e o dragão. Há referências à Festa da Coca desde o século XVI. (...) coca (o dragão) – uma estrutura de madeira com um homem no interior – e um cavaleiro representando S. Jorge, com uma capa vermelha, elmo e lança, iniciam a "luta". A coca é empurrada, contra o cavalo, enquanto o cavaleiro tenta enfiar a lança na mandíbula da fera. São Jorge tenta lançar um golpe sobre a orelha da coca. A coca sem a orelha perde a força. Segundo a lenda , quando o cavaleiro ganha, o ano agrícola é fértil; quando é a Coca que vence o ano agrícola é mau." (Ofereçam uma cervejinha como troca ao homem que está dentro da Coca e vão ver que o Ano Agrícola  é sempre bom! Se ele não quiser colaborar a bem, paguem-lhe mais umas quantas que ele fica zonzo e fácil de derrotar!)


Quanto a essas teorias que dizem que devemos desfazer-nos de coisas que nos tragam recordações do passado, com certeza foram inventadas pela associação dos ferros-velhos e associações do "abaixo o mono!" em colaboração com os comerciantes de todo o mundo. Isso não é assim tão linear. Há coisas que precisam de bazar, mas há outras que precisam de ficar pois são ajudantes da memória. Se bem que há pessoas que exageram... não é preciso guardar a casca de banana que o namorado comeu no almoço do primeiro dia de namoro! Equilíbrio! Equilíbrio! E sanidade mental! Mas acho que devias estar a referir-te a uma teoria relacionada com o feng shui... (http://pt.shvoong.com/humanities/philosophy/1741722-fen-shui-passos-para-felicidade/)

A explicação do estrambólico foi muito fixe. Estas coisas da língua e da origem das palavras são realmente interessantes. Descobrimos sempre coisas novas... e alimentamos os nossos cérebros famintos!!!

Bem, vou ver se continuo a trabalhar um bocadinho.

Um "googol" de Beijinhos

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